terça-feira, 30 de agosto de 2011

CONHECENDO AS FISSURAS LABIOPALATINAS

Esta é uma apresentação para o público em geral, sobre as características das anomalias que são tratadas pelos integrantes de equipes multiprofissionais, trabalhando para dar ao paciente o que de melhor existe em termos de atendimento competente e carinhoso, onde quer que sejam chamados a atuar.

O QUE SÃO ESSAS FISSURAS? - As fissuras do lábio e do palato (céu-da-boca) são malformações congênitas incompletas do terço médio da face, ocasionadas, basicamente, pela falta de fusão entre os ossos maxilares, sendo um problema médico/odonto/social, portanto, há necessidade de tratamento integrado.

O APARECIMENTO É RECENTE? – A literatura científica relata que em 2.400 antes de Cristo foram encontrados indícios de fissuras labiopalatinas em estátuas egípcias, e em máscaras da civilização précolombiana e africana; os chineses já tratavam essas anomalias em 390 antes de Cristo. Nos últimos 50 anos houve grande desenvolvimento no estudo destas anomalias, e da respectiva reabilitação.

QUANDO OCORREM? - No período embrionário ou entre a 3ª e a 7ª semana de vida intrauterina, sendo que a formação do palato começa no final da 5ª semana, e se completa somente na 12ª semana do desenvolvimento do feto; o período mais crítico é o que vai da 6ª até o início da 9ª semana da vida intrauterina para as fissuras palatinas e 3ª semana para as labiais; o diagnóstico pré natal é feito pela ultrassonografia na 14ª semana de gestação.

QUAIS SÃO OS TIPOS QUE EXISTEM? - Apresentam graus variados de gravidade, de acordo com:

1 Extensão - Unilaterais; bilaterais; completas; incompletas;

2 - Localização: a) Pré forame (Forame é o orifício no osso por onde passam vasos sanguíneos e nervos) incisivo (junto aos dentes incisivos): quando acometem, total ou parcialmente, desde o palato primário (anterior) até o forame incisivo; na forma mais grave encontram-se fendido o lábio, a arcada alveolar e o assoalho nasal;

b) – Trans forame incisivo: Atingem o palato primário e o secundário (posterior) - unilaterais ou bilaterais;

c) - Pós forame incisivo: São somente as do palato, desde o forame incisivo até a úvula (campainha); Incompleta: Apenas o palato mole (parte mais posterior do palato).

QUAL É A ESTATÍSTICA DISPONÍVEL? - As fissuras estão entre o 3° e o 4° defeito congênito mais frequente; Brasil: Cerca de 01 para 650 nascimentos - aproximadamente, 180.000 fissurados. Mundo: 15.000 crianças por hora com essas anomalias.

QUAIS SÃO AS CAUSAS? Multifatoriais (devido a vários fatores) e poligênicas (vários gens envolvidos).

1) Fatores Genéticos ou Hereditários: A incidência cresce com a presença de familiares fissurados, nas seguintes proporções:

Pais normais = 0,1% de chance de ter um filho fissurado;

Pais normais e um filho fissurado = 4,5% de chance de ter outro filho fissurado;

Um dos pais e um filho fissurado = 15 % de chance de outro filho fissurado.

Obs.: O casamento entre parentes também é uma causa significativa, principalmente no interior do Estado, onde este fato é mais comum.

2) – Fatores ambientais: Destacam-se:

a) - Nutricionais: Deficiência na dieta materna de sais minerais (zinco, cobre, iodo, manganês, flúor, principalmente) e vitaminas (A, riboflavina, ácido fólico e outras);

b) - Químicos: A gestante faz uso frequente e em grande quantidade de drogas, fumo, álcool, além de medicamentos sem a necessária orientação médica;

c) - Endócrinos: A cortisona produz, experimentalmente, fissuras de lábio e palato em quase 100% de camundongos;

d) - Atômicos: O efeito nocivo das radiações sobre o feto é indiscutível, podendo destruir ou alterar a capacidade de multiplicação e diferenciação das células, bem como as radiações radiológicas durante a gestação;

e) - Infecciosos: Contato da mãe, no 1º trimestre de gestação, com certas doenças: sífilis, rubéola, e outras.

QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS? - Além de grave problema estético há distúrbios funcionais, desde a alimentação até a fonação. Se as deformidades não forem tratadas de modo adequado, e mais prematuramente possível, causará também problemas psicológicos.

O progresso da técnica cirúrgica e dos cuidados extracirúrgicos, através de uma bem treinada equipe multiprofissional tem possibilitado melhor êxito estético funcional, tornando os portadores dessas deformidades cada vez mais integrados à sociedade, possibilitando que se casem e trabalhem normalmente, reabilitando-os.

Mas é bom lembrar que este resultado, geralmente, só será alcançado depois de decorrido um prazo de 15 a 20 anos, a não ser nos casos mais simples, isto é, de fissuras parciais.

COMO DEVE SER O ATENDIMENTO?A Organização Mundial da Saúde preconiza que o tratamento seja realizado com a colaboração da própria família dos pacientes, e a integração continuada entre os seguintes profissionais: Anestesista; Assistente Social; Cirurgião Bucomaxilofacial; Cirurgião Plástico; Enfermeiro; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Geneticista; Médico Clínico (Geral, Fetal ou Neonatologista); Nutricionista; Obstetra; Odontólogo (Geral, Endodontista, Implantodontista, Periodontista e outros); Odontopediatra; Ortodontista; Ortopedista Funcional dos Maxilares; Otorrinolaringologista; Patologista Clínico; Pediatra; Protesista Bucomaxilofacial; Psicólogo; Radiologista, e outros profissionais que se fizerem necessários conforme cada caso exija, todos interagindo em conjunto.

O QUE PODE SER FEITO PARA PREVENIR? Ainda não há condições para prevenir ou limitar a ocorrência das fissuras labiopalatais - a não ser através de medidas que previnam os fatores ambientais.

É fundamental que ocorra um acompanhamento médico pré-natal, principalmente durante o 1º trimestre de gestação, momento em que a futura mãe é preparada para lidar com a situação que enfrentará logo após o nascimento do bebê.

QUAL O CUSTO GLOBAL DESSE TRATAMENTO? Nos EUA gastam-se mais de 100.000 dólares por paciente em cada ano; a OMS relata que 140 casos de fissuras consomem 6.4 milhões de libras por ano em todo o mundo – no Brasil, ainda não se tem noção desse custo, nem há, ainda, um levantamento confiável.

COMO PODEM SER OBTIDAS MAIS INFORMAÇÕES? – No ambulatório do HOSPED - Hospital Pediátrico da UFRN, há atendimento às 2ªs, 3ªs e 5ªs feiras, às 06h30min, para distribuição de fichas – mais informações, pelo telefone: 84 – 3342.5203.